29-05-1988

Mal me deixaram lavar pelas 7 da manhã, puseram-me a soro e lá estavamos nós para iniciar a odisseia.
As horas iam passando , as contracções iam chegando e eu fazendo a respiração.
O meu Pai na sala de espera , o C. e a minha Mãe um em cada das minhas mãos.
Todos tiveram um papel importante nesta história , mas especialmente a ti C. os meus parabéns , foi sempre tudo a meias, desejámo-lo, fizémo-lo e parimo-lo a meias.
Deram-me uma injecção que me apardalou um pouco, não me lembro bem dessa fase, tenho uma vaga ideia de medo do bebé nascer e eu me deixar dormir e não lhe dizer logo como o amava já.
O meu bebé insistia em se manter muito em cima , tinha pena de abandonar o quartinho que ocupava já há 39 semanas , e até eu tinha uma certa pena de ver a minha barriga já mais descaida e mais murcha.
Pouco depois lá estavamos nós, eu e o meu bebé numa luta cerrada com as contracções, a respiração, o calor e o cansaço que já dava muitos sinais.
O C. apareceu a suar em bica, de bata branca , meu Deus como relaxei naquele instante , tudo o que acontecesse a seguir era de novo partilhado.
Depois foi só fazer força e mais força, uma sensação de me roubarem as entranhas, a expulsão, um alivio enorme e eu a dizer « que maravilha».
E era de facto uma maravilha aquela coisa aos berros em cima da minha barriga, estava a chegar ao fim e ao principio doutra história de Amor que eu vou contar ao longo dos tempos.

São agora 0.30 do dia 29-05-2007 e já deve faltar pouco para aquela maravilha que agora tem 1,85m, muitos quilos de peso, entrar por aquela porta e dizer «vá dá cá um beijinho, já cheguei, podes ir dormir».
OBRIGADA GAJO PELOS TEUS ABRAÇOS VALEU APENA FAZER TODA AQUELA FORÇA.